Sempre que um relacionamento chega ao fim, as pessoas envolvidas repetem a torto e a direito que desejam continuar sendo amigas; que não querem perder contato, que desejam sinceramente continuar fazendo parte um da vida do outro, encaixados em uma nova categoria: a da amizade. Venho me questionando sobre as verdadeiras possibilidades de uma amizade verdadeira surgir de um término de namoro. E admito ainda não ter chegado a uma conclusão sobre quão possível é isso.
O que ocorre é que quando um relacionamento termina, geralmente uma das duas partes sai contrariada. Esse papo de “terminamos em comum acordo” é apenas e tão somente isso: papo. Claro, algumas vezes ambos estão descontentes e acabam concordando que o melhor que se tem a fazer é encerrar o relacionamento. Mas na grande maioria das vezes, o namoro acaba em sociedade; um entra com o pé e o outro com o traseiro. E cada uma das duas situações possui suas peculiaridades; quem rejeita e quem é rejeitado. Examinemos ambas as situações.
Quando você é quem toma a iniciativa de romper um relacionamento, é muito comum que precise de uma distância da ex-pessoa. Isso porque, além de ser o responsável pelo término, o que supõe que esteja em suas mãos a manutenção da condição de rompimento, fica difícil conviver com o ex de forma intensa no início. Uma série de projeções que haviam sido feitas tem de ser reintrojetadas, como se você houvesse apostado muitas fichas em um jogo de roleta e tivesse perdido; você precisa se reabastecer de suas próprias fichas, de suas energias, até sentir-se completo novamente. E fazer isso mantendo um contato freqüente com o ex fica difícil.
Além disso, assim que se rompe um namoro, fica-se naquele clima de recém-solteiro: você só consegue pensar que está livre, que não namora mais, e é bem capaz de deslumbrar-se com esta nova qualidade. Geralmente seus assuntos irão referir-se às novas experiências que está tendo, sobre a forma como vem se sentindo, sobre os programas que vem fazendo. E muito provavelmente seu ex, sentido pelo término indesejado, não estará muito interessado em saber como estão sendo suas novas experiências.
Se estiver totalmente convicto de que não é mais essa a relação que você deseja, que não corre nenhum risco de ter uma recaída, o medo de magoar o ex também pode ser um dos fatores que podem gerar ou manter a distância inicial. Você pode não querer passar pela situação de ter de reafirmar várias vezes que não quer voltar, que deseja continuar sozinho e que está mais feliz assim.
E se você é quem é terminado, a situação piora. Você pode até morrer de vontade de encontrar a outra pessoa, de saber como ela está, de avaliar quais são suas chances de reconquistar o ex. Mas se a outra pessoa estiver certa sobre a decisão tomada, esta proximidade passa a ser masoquismo. Você deseja ardentemente encontrar o ex, mas quando o encontra, não recebe aquilo que faria com que você se sentisse satisfeito. Você anseia por um telefonema, mas quando este se dá, a frieza ou distância impressa na voz do outro aniquila suas expectativas de retorno do namoro. Você precisa saber o que o outro anda fazendo, mas se fica sabendo que ele está muito bem, obrigada, sem você, sente-se a última pessoa do universo e tem vontade de pular pela janela.
A amizade entre duas pessoas não pode ser algo forçado; você não pode e nem deve exigir que uma pessoa queira ser seu amigo. Muitas vezes este desejo de “ser amigo” pode até representar uma tentativa camuflada de negar o término e a separação, de não se distanciar totalmente. Se foi você quem terminou, talvez ainda esteja inseguro, com medo de se arrepender; a amizade surge como uma forma de manter a pessoa por perto, de não se distanciar demais ao ponto de não conseguir voltar atrás se desejar. E se você foi terminado, talvez esteja tentando se convencer de que qualquer contato com a pessoa que o rejeitou seja melhor do que ficar definitivamente sem ela. Mas muito cuidado para não se conformar em receber menos do que deseja. Se você continua apaixonado, é bem difícil que se sinta satisfeito em ter apenas a amizade da outra pessoa.
Amigos não sentem ciúmes de amigos; ficam felizes se eles estão felizes, independentemente de que esta felicidade seja decorrente de um romance que acaba de começar. Amigos não são possessivos em relação aos outros. Amigos não cobram um telefonema todos os dias, e nem cobram sair juntos todos os finais de semana. Amigos não sentem desejo por outros amigos – ou pelo menos não deveriam.
Cuidado para não cair no conto de “vamos continuar amigos”. Vocês não eram amigos, e sim namorados. Não têm como continuar sendo algo que nunca foram. O distanciamento é necessário para a desvinculação. E apenas desvinculado é que se consegue realmente avaliar se a decisão foi a correta ou não. A amizade vem apenas em um segundo momento, quando cada um dos ex passa a ser novamente uma pessoa inteira, quando todas as mágoas tiverem sido superadas, quando todas as expectativas tiverem sido reintrojetadas, quando todo o sentimento houver terminado.
Tudo neste mundo tem seu tempo. Até a amizade.
O que ocorre é que quando um relacionamento termina, geralmente uma das duas partes sai contrariada. Esse papo de “terminamos em comum acordo” é apenas e tão somente isso: papo. Claro, algumas vezes ambos estão descontentes e acabam concordando que o melhor que se tem a fazer é encerrar o relacionamento. Mas na grande maioria das vezes, o namoro acaba em sociedade; um entra com o pé e o outro com o traseiro. E cada uma das duas situações possui suas peculiaridades; quem rejeita e quem é rejeitado. Examinemos ambas as situações.
Quando você é quem toma a iniciativa de romper um relacionamento, é muito comum que precise de uma distância da ex-pessoa. Isso porque, além de ser o responsável pelo término, o que supõe que esteja em suas mãos a manutenção da condição de rompimento, fica difícil conviver com o ex de forma intensa no início. Uma série de projeções que haviam sido feitas tem de ser reintrojetadas, como se você houvesse apostado muitas fichas em um jogo de roleta e tivesse perdido; você precisa se reabastecer de suas próprias fichas, de suas energias, até sentir-se completo novamente. E fazer isso mantendo um contato freqüente com o ex fica difícil.
Além disso, assim que se rompe um namoro, fica-se naquele clima de recém-solteiro: você só consegue pensar que está livre, que não namora mais, e é bem capaz de deslumbrar-se com esta nova qualidade. Geralmente seus assuntos irão referir-se às novas experiências que está tendo, sobre a forma como vem se sentindo, sobre os programas que vem fazendo. E muito provavelmente seu ex, sentido pelo término indesejado, não estará muito interessado em saber como estão sendo suas novas experiências.
Se estiver totalmente convicto de que não é mais essa a relação que você deseja, que não corre nenhum risco de ter uma recaída, o medo de magoar o ex também pode ser um dos fatores que podem gerar ou manter a distância inicial. Você pode não querer passar pela situação de ter de reafirmar várias vezes que não quer voltar, que deseja continuar sozinho e que está mais feliz assim.
E se você é quem é terminado, a situação piora. Você pode até morrer de vontade de encontrar a outra pessoa, de saber como ela está, de avaliar quais são suas chances de reconquistar o ex. Mas se a outra pessoa estiver certa sobre a decisão tomada, esta proximidade passa a ser masoquismo. Você deseja ardentemente encontrar o ex, mas quando o encontra, não recebe aquilo que faria com que você se sentisse satisfeito. Você anseia por um telefonema, mas quando este se dá, a frieza ou distância impressa na voz do outro aniquila suas expectativas de retorno do namoro. Você precisa saber o que o outro anda fazendo, mas se fica sabendo que ele está muito bem, obrigada, sem você, sente-se a última pessoa do universo e tem vontade de pular pela janela.
A amizade entre duas pessoas não pode ser algo forçado; você não pode e nem deve exigir que uma pessoa queira ser seu amigo. Muitas vezes este desejo de “ser amigo” pode até representar uma tentativa camuflada de negar o término e a separação, de não se distanciar totalmente. Se foi você quem terminou, talvez ainda esteja inseguro, com medo de se arrepender; a amizade surge como uma forma de manter a pessoa por perto, de não se distanciar demais ao ponto de não conseguir voltar atrás se desejar. E se você foi terminado, talvez esteja tentando se convencer de que qualquer contato com a pessoa que o rejeitou seja melhor do que ficar definitivamente sem ela. Mas muito cuidado para não se conformar em receber menos do que deseja. Se você continua apaixonado, é bem difícil que se sinta satisfeito em ter apenas a amizade da outra pessoa.
Amigos não sentem ciúmes de amigos; ficam felizes se eles estão felizes, independentemente de que esta felicidade seja decorrente de um romance que acaba de começar. Amigos não são possessivos em relação aos outros. Amigos não cobram um telefonema todos os dias, e nem cobram sair juntos todos os finais de semana. Amigos não sentem desejo por outros amigos – ou pelo menos não deveriam.
Cuidado para não cair no conto de “vamos continuar amigos”. Vocês não eram amigos, e sim namorados. Não têm como continuar sendo algo que nunca foram. O distanciamento é necessário para a desvinculação. E apenas desvinculado é que se consegue realmente avaliar se a decisão foi a correta ou não. A amizade vem apenas em um segundo momento, quando cada um dos ex passa a ser novamente uma pessoa inteira, quando todas as mágoas tiverem sido superadas, quando todas as expectativas tiverem sido reintrojetadas, quando todo o sentimento houver terminado.
Tudo neste mundo tem seu tempo. Até a amizade.
Dezembro de 2004