quarta-feira, 13 de junho de 2007

As Mulheres e o Sexo

Outro dia eu e minhas amigas tivemos uma reunião com o editor chefe de uma revista masculina. Conversávamos, obviamente, sobre sexo. Ele nos falava da época em que a sexualidade feminina começou a deixar de ser tabu, e de como idéias como desejo, sexo livre e despreendimento emocional feminino soavam como loucura a ouvidos mais puritanos. Nos chamava a atenção para o fato de que este assunto está absolutamente “em vogue” nos últimos tempos e que, hoje, todas as mulheres defendem esta idéia.
De fato, as mulheres vêm tomando as rédeas de sua sexualidade com destreza cada vez maior nos últimos tempos. Transam quando querem, como querem e com quem querem. Mas a pergunta que não sai da minha cabeça e que fica martelando – como diria o Hercule Poirot de Agatha Christie – nas minhas pequenas células cinzentas é: porque querem? Afinal de contas por que é que, depois de tantos anos da revolução feminina, as mulheres precisam continuar provando ao mundo que podem se comportar como os homens?
Outro dia estava conversando com minha analista, e nosso assunto era justamente comportamentos atuais de homens e mulheres. Chegamos a conclusões interessantíssimas. Na verdade, as mulheres estão totalmente sem limites pois estiveram, por muito tempo, extremamente limitadas. Se antes sua ambição maior era ser a melhor cozinheira dentre as esposas dos colegas do trabalho do marido, agora podem presidir tais empresas. Se antes nem votar elas podiam, hoje em dia podem se candidatar a cargos públicos como os homens, e atentemos para o fato de que a uma mulher ocupou o cargo de prefeita da maior cidade do país. As mulheres ainda estão em um momento de explorar o campo recém conquistado, e é exatamente isto que estão fazendo também no que se refere aos relacionamentos afetivos e sexuais.
Mas a relação de um homem e uma mulher é uma relação de complementariedade, na qual se um avança, o outro tem que recuar. E é isso que os homens estão fazendo. Os homens estão muito mais assustados do que as mulheres – e muito mais perdidos também. Se a mulher ainda não definiu qual é o seu papel, o homem muito menos. E é neste ínterim que os problemas ocorrem. Mulheres que não encontram homens que lidem bem com a nova posição “ativa” das mulheres (afinal de contas, se elas podem trabalhar e comprar suas próprias coisas, porque não podem elas ter a iniciativa de pedi-los em casamento?), homens que não encontram mulheres que tenham a paciência de esperar pelo “timming” deles de se compremeter de verdade (sim, porque além de tudo, somos muito mais apressadinhas no quesito “envolvimento”)...
Onde esse movimento todo vai parar, ninguém sabe. Mas eu tenho minhas suspeitas... Outro dia estava conversando com minha amiga mais “libertina”. Ela não enche a cabeça de besteiras conservadoras quando rola a oportunidade de sexo eventual no meio da tarde, e não fica se sentindo usada se transa com três no mesmo dia. O grande problema dela e a dúvida que a aflige é a seguinte: deveria se sentir mal por ter tal comportamento? Levou esta questão para sua análise, e saiu de lá aliviada. Porque descobriu que, na verdade, o que busca com todas essas desventuras sexuais, é tão somente a mesma coisa que as que não transam tão ativamente buscam: ser amada.
Todas as mulheres são assim. Todas querem, mais que tudo na vida, ser amadas. A forma com que cada uma faz isso é um problema única e exclusivamente pessoal. Acho ótimo que as mulheres testem seus limites. Acho ótimo que tenham experiências que lhes proporcionem o auto-conhecimento. Mas acho também interessantíssimo que, as coisas tendo mudado tanto, a busca feminina continue sendo a mesma: encontrar um homem bom, honesto e respeitável, que possa lhe conceder um lar estável, o sobrenome e um casal de filhos.
Fico pensando se na verdade as coisas não voltarão exatamente ao ponto de onde partiram. Se haverá um dia em que o comportamento atualmente considerado “promíscuo” será tão ultrapassado que voltaremos a valorizar atitudes dé modé como esperar um cara certo para transar, tendo a certeza de que ligará no dia seguinte e que a noite de prazer certamente terá uma continuidade.

O que, pelo menos na minha visão das coisas, faz muito mais sentido.
Março de 2005

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