terça-feira, 22 de maio de 2007

Se a Moda Pega Parte II - A Saga Continua

Quando escrevo um texto, os comentários que recebo são sempre a parte mais interessante. Adoro perceber as repercussões das minhas idéias na cabeça das pessoas, e muitas vezes acabo por rever meus conceitos acerca dos temas. Claro, não são todas as pessoas que respondem; quando o fazem, entendo que aquele texto em específico mexeu com aquela pessoa em específico, a fez pensar, avaliar e se questionar sobre suas próprias opiniões. Alguns textos não geram nem um único comentário; outros, lotam minha caixa de mensagens. Mas nunca havia me acontecido o que aconteceu desta vez. Quase todas as pessoas para quem mandei meu texto “Se a Moda Pega...” fizeram algum tipo de comentário... O que me motivou a escrever um novo texto sobre o mesmo tema, ampliando um pouco o assunto e colocando alguns pingos nos is.

A maioria das pessoas me perguntou se, afinal, eu era contra ou a favor do sexo a três – ou a quatro, cinco... Gente, não sou contra ou a favor de nada nessa vida, acho que ninguém tem o direito de pregar o que as outras pessoas devem fazer. Cada um sabe de si, o que quer, o que deixa de querer, o que faz bem ou não, o que acha conveniente ou não para a própria vida. Só fico realmente me questionando os verdadeiros objetivos das pessoas ao se envolverem nesse tipo de experiência. Curiosidade? Vontade de provar do desconhecido? Cada um sabe de si, e quem já fez que responda a si mesmo essas perguntas – claro que, se quiserem dividir comigo esta conclusão, fiquem à vontade, afinal minha profissão me faz ser muito curiosa...

Algumas pessoas negaram veementemente a possibilidade de passarem um dia pela experiência; destas também desconfio, porque afirmar que nunca vai se fazer X ou Y coisa, para mim, é no mínimo duvidoso. Como é que se sabe o jeito que vai se pensar daqui há cinco, dez anos? Como diz o dito popular – sempre de uma sabedoria inigualável – ninguém sabe o dia de amanhã. Eu não boto minha mão no fogo por ninguém, nem por mim mesma. É mais garantido calar-se sobre o amanhã, lembrar-se do ontem e afirmar apenas o hoje.

O mais engraçado foi a curiosidade daqueles que já fizeram, em saber quem são as outras pessoas que eu citei. Minha amiga que quase me fez bater o carro jurou que não fala mais comigo se eu não contar quem são as outras pessoas envolvidas. E eu afirmo: não conto. Sigilo profissional e pessoal absoluto. E as que não fizeram ficaram morrendo de medo que as outras pessoas achassem que as citadas foram elas... Dei boas risadas.

Muito amigos meus tiveram a nobre intenção de me consolar quanto à minha sensação de rejeição por nunca ter sido convidada para um programinha desses. Convidaram-me de imediato, ressaltando apenas a exigência de que o outro participante fosse uma mulher. Eu até poderia escolher. Algumas amigas me confessaram que morriam de vontade, mas que não tinham coragem. Se por acaso eu decidisse fazer com alguém, topavam a experiência junto comigo. Outros tantos me confessaram que já haviam feito – uma amiga disse até que a experiência foi tão mal sucedida que representou um papel importante em sua busca por terapia. Não aconselha para ninguém, mas fez questão de contar mais uma vez detalhes cabulosíssimos, que mais uma vez envolviam conhecidos meus. Porque será que desta vez não me surpreendi?

Um paquera se mostrou receptivo a dividir a experiência comigo, no momento em que eu achasse mais oportuno. Assim mesmo, com a mensagem toda contida nas entrelinhas. Bem descompromissado, como convém. Um outro fez questão de discutir bastante o assunto, dando sua opinião geral à respeito e afirmando que já tinha até me convidado para participar de um ménage e que eu não o tinha levado à sério... e eu verdadeiramente não soube o que responder, porque nem me lembrava desta “suposta” proposta...

Meu pai disse ter ficado muito assustado, porque não imaginava que as coisas estavam neste ponto. Depois de alguns dias pareceu ter revisto seus conceitos, afirmando que, sem levar em conta sua filhota querida, estava entusiasmado com a nova moda. Minha mãe exprimiu todos os seus pensamentos à respeito através da atitude de não pronunciar uma única palavra sobre o tema – e ela sempre elogia o que escrevo. Minha terapeuta fez do texto o tema de uma sessão inteira – inteirinha!!! Com direito a menção da triangularização edípica da primeira infância e tudo...

E eu fiquei me perguntando... e era para tudo isso? Nunca quis causar polêmica ou levantar discussões acaloradas sobre os temas dos quais trato em meus textos. Chegaram até mesmo a me dizer que eu seria co-reponsável por qualquer bacanal ocorrido após o envio do meu texto. Eu? Justo eu, que nunca participei de um bacanal? Ser co-reponsável! Me achei muito importante.

O fato é que tudo isso mostra como esta é uma idéia presente no imaginário de todos. Todo mundo pensa, ou já pensou, em participar de uma experiência dessas. Todo mundo tem, ou já teve, um desejozinho, mesmo que inconsciente, em participar dos Sonhos de uma Noite de Verão... Não posso deixar de levar em consideração que esta moda toda não é tão moderna assim, afinal na Roma Antiga já existiam os bacanais. Mas que, influenciados pela sociedade de hoje, em que tudo pode, estão ressurgindo com uma força imensurável... O problema parece ser que, ao mesmo tempo em que todas as atitudes são permitidas, os sentimentos despertados pela vivência não têm espaço para serem trazidos á baila...

É por isso que afirmo, do alto de minhas tamancas: não sei de nada nem de ninguém. Sei mal e porcamente de mim mesma, e olhe lá. Agradeço a todos os convites recebidos; obrigada por não permitirem que eu me sinta rejeitada. Mas este meu momento ainda não chegou... Não sei, acho que sou uma menina à moda antiga, daquele tempo em que o sexo era bem mais do que simplesmente prazer sem limites. Mas, se algum dia eu mudar de idéia, prometo que alguns de vocês serão os primeiros a saber...

E cada um que entenda como quiser.
Abril de 2005

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