sexta-feira, 4 de abril de 2008

Regredindo

Hoje cheguei à conclusão de que tenho, no máximo, uns 5 anos de idade mental. Não muito mais do que isso. Não sei como é que uma pessoa de 26 anos pode ter um déficit tão grande entre idade cronológica e idade mental. Mas eu tenho.

Talvez seja por isso que me dou tão bem com crianças. Talvez elas tenham algum tipo de sexto sentido que capta as pessoas com a mesma mentalidade que elas. O fato é que todos os filhos de amigos meus me adoram, e sempre que chego em alguma festinha infantil sou o alívio para muitos papais e mamães, que só vão se preocupar novamente com os rebentos na hora de ir embora, ou quando um deles cai e quebra o braço.

Tenho uma capacidade incrível de me comportar como uma criança – até mesmo como uma de colo! – em algumas situações. Quando pinta uma fofoca sobre o carinha que estou de rolo e uma amiga dele, chego a bater no “menos um”. E depois fico me sentindo péssima, envergonhada e recalcada. Não sei se alguém já se sentiu assim como eu, porque o fato é que além de virar criança, viro uma daquelas bem envergonhadas, que não contam pra ninguém o que fizeram de errado. Quando não há provas, não há crime!

Queria saber porque sou assim. Talvez esta seja uma habilidade especial de todas as mulheres que, quando têm seus filhos, têm de regredir um pouco para serem capazes de entender o que a criança está querendo ou dizendo. Mas porque cargas d´água não podemos regredir a um estado infantil apenas nas situações convenientes? Porque temos de agir como crianças quando não precisamos, ou pior, quando isto deveria nos ser proibido?

Às vezes chego a concordar com um amigo meu, que diz que a única psicologia que deveria existir é a comportamental. Aquele tipo de técnica que usam com os animais de circo. O adestrador pede a pata, o animal leva um choque e tem de levantá-la. Depois de um tempo ele não leva mais o choque, mas aprende – de alguma forma estúpida – que todas as vezes que sua pata for pedida ele deverá erguê-la, ou a alternativa é o choque.

Eu não gostaria de viver por aí, tomando choque, todas as vezes que a minha idade mental regredisse uns aninhos. Mas deveria ter um dispositivo de segurança indolor, apenas como um alerta. Quando eu estivesse próxima dos oito ou nove anos, sentiria uma coceira abaixo da terceira costela esquerda (teria de ser algo bem específico, para eu não poder me enganar). Alerta vermelho: primeira infância chegando, primeira infância chegando! Sim, porque até pra ser criança existe um limite. Eu me colocaria no meu lugar novamente, veria com clareza a realidade, e avaliaria muito bem as chances de estar embarcando numa furada.

Sim, porque depois de ter 5 anos, fica muito difícil voltar aos 26! Por mais acelerada que seja a tecla “forward”, preciso de umas boas horas para amadurecer 21 anos. Dá trabalho ser gente grande! Precisei interromper o trabalho que estava fazendo e escrever esse texto, até mesmo ver algumas fotos, pra me convencer de que tenho mesmo 26 anos.

Quero cooooooooolooooooooo!!!!
Janeiro de 2005

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